segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Amor interrompido


Em meus últimos dias de vida estava você ao meu lado. Olhar complacente, dizia-me que jamais abandonar-me-ia. Fosse eu pra onde fosse seguiria comigo. Foi assim que naquela tarde minha alma deixou aquele velho corpo. Fecharam-se meus olhos, porém, abertos estavam eternamente para o grande amor de minha vida. Seus cabelos já grisalhos denunciavam a quantidade de anos que se passaram, e que como tão rapidamente haviam passado. Ainda a pouco éramos tão jovens. Mas agora eu seguia meu curso. E estava feliz por ver aquele rosto tão familiar antes de fechar os olhos pra sempre.

Mas ele havia feito-me uma promessa. E não é que anos depois, encontrei-o novamente. Sinto as lágrimas escorrerem face abaixo, impossível detê-las. Como se o coração fosse capaz de nelas se afogar. Como não morrer num mar delas? Não estaria a vida sendo injusta? Trazendo-o novamente até ela, mas deixando-os perdidos de si mesmos?

A vida passa num sopro de vento, mas os anos corroem a dor de não poder viver esse amor, mais uma vez, em outro tempo, em outro espaço. Que saudades daqueles olhos brilhantes clamando por mim, naquele dia em que parti. Que mais poderia fazer a não ser chorar com a dor mais profunda, com a saudade mais doída, que em toda a vida jamais sentira.

Que dor maior haveria?

A perda, o abandono, o esquecimento, ainda que temporário.

Até que o tempo volte a passar, e a morte volte novamente a chegar, mas quem sabe da próxima vez haja um real encontro de nossas almas e de nossos corações. Anseio por esse dia com o coração cheio de esperança, e que breve seu amor volte pra mim.

Perder-me de suas mãos novamente como agüentar? Até para quando sabe-se lá o tempo de nosso reencontro. Mas salve-me, eu lhe peço! Não espere que eu e você renasça novamente, para selar o destino com o amor que nos fora tão dolorosamente interrompido.

Clamo por você, por seu amor infinito, assim como as estrelas no céu clamam pela poesia dos poetas. Não me deixe partir sem você dessa vez. E se não puder me acordar de sono tão profundo, feche seus olhos e deite-se comigo para em tão bela ventura seguirmos felizes.

Beije-me e eu viverei novamente pra você!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Moço, escreve pra mim!


- Moço, escreve pra mim?

Foi assim que ela me abordou. Eu caminhava lendo um pequeno caderno de anotações, quando ela me abordou novamente:

- Moço escreve pra mim?

Tinha um rostinho tão lindo e uma voz tão meiga aquela garotinha. Como poderia recusar um pedido seu? Não a conhecia, aliás, acho que nunca a tinha visto.

Ela me olhava com aquela olhar interrogativo, de forma tão intensa que era impossível não fazer o que me pedia.

Dei-lhe um sorriso. E ela me devolvera de volta. Bem, pelas minhas contas aquela garotinha devia ter uns 4 anos e creio que ela ainda nem sabia ler e escrever. Mas então porque diacho ela haveria de estar me pedindo que lhe escrevesse algo?

O brilho daquele pequeno olhar me fazia sentir como se já a conhecesse, mas tinha certeza que nunca a vira antes na vida.

Pois bem, sem saber direito o que pensar diante daquela inusitada situação, sentei-me junto dela a beira da guia da calçada. Com meu pequeno bloco de notas e a caneta em mãos eu realmente não sabia o que escrever para ela.

Foi aí que por um segundo olhando em seus eternos olhos brilhantes senti uma profunda inspiração para escrever algumas linhas.

Foi então que de repente, minha mão começou a trabalhar e trabalhar... e já quase nem sabia direito o sentido daquilo que escrevia, apenas escrevia pelo impulso de meu coração.

Nunca jamais em toda a vida eu poderia me esquecer daquela experiência, daquela pequena garota sentada na calçada pedindo para lhe escrever algo. Acredito que tão pouco ela mesma sabia o que estava fazendo, e de certo também seguia o impulso daquele pequeno coraçãozinho. 

- Feito! Aqui está. Disse a ela e lhe entreguei aquele papel.

Ela nada disse, mas no mesmo instante abriu-se num lindo sorriso, como se sua alma estivesse a me dizer muito obrigado! E com meu coração também exultante de uma alegria que não sabia explicar, segui em meu trajeto.

Que momento fora aquele! Algo que não sabia explicar, uma sensação, um sentimento, de que tudo ali fazia sentido, em algum lugar dentro de sua alma. E sentia-se feliz, incrivelmente feliz.

Passou o resto do dia e também os próximos com aquela sensação de felicidade dentro de si, mas não disse a ninguém sobre o ocorrido, porque certamente não entenderiam e afinal não tinha necessidade nenhuma de compartilhar com alguém.

 Joana era o seu nome. Pegou aquele papel como se fosse o doce mais gostoso do mundo. Sorria placidamente observando cada linha, onde estava o texto que o rapaz lhe escreveu. Ressentia-se por ainda não saber ler e escrever, mas isso não era problema para muito tempo, logo ia crescer e aprender o que todos os adultos aprendem.

E então, com todo o carinho de seu coração beijou aquele papel, e guardou dentro de sua caixinha de música bem escondidinho. Aquele seria um segredo só seu e não contaria nem mesmo para sua querida mãe. No tempo certo e na hora certa ela ia saber o segredo que continha nas linhas daquele papel.

 De sua parte, o coração daquele rapaz também sabia que somente o tempo seria capaz de revelar aquela pequena criança o que ele lhe escrevera. Aquilo fora de alma pra alma, e um dia quem sabe a vida os colocasse novamente frente a frente. E isto era pra daqui há muito tempo, conquanto agora tinha de se preocupar com coisas mais importantes.

Anos se passaram e a menina Joana simplesmente se esqueceu daquele seu segredinho. Viveu intensamente sua infância e adolescência. Até que lá pelos seus 21 anos, de repente, lembrou-se daquela doce lembrança de sua infância: o dia em que reencontrara o grande amor de sua vida.

Hoje com o coração já mais maduro, ela era capaz de entender o que ele havia lhe dito naqueles dias de tenra infância. Claro, que não havia como ela ter esse conhecimento naquele tempo, mas era isso o que ele estava lhe dizendo nesse exato momento. Aquele homem que passava bem ali a sua frente não era um estranho qualquer, ele era a luz do seu bem querer. Era o homem que lhe estava destinado a amar nessa e em todas as outras vidas que houvessem pela frente. Agora sabia: ele era a sua alma gêmea!
E se seu coração lhe revelava estas coisas era porque ele era sábio, e conhecia todo o passado, o presente e quem sabe até o futuro de sua existência. E jamais mentiria sobre tais coisas.

Assim, que ouviu suas tão surpreendentes revelações, não mais se conteve e foi atrás de sua querida caixinha de música, o qual não via já a bastante tempo. Encontrou-a no sótão, um tanto empoeirada, mas ali estava o segredo que poderia mudar sua vida para sempre. Abriu-a e viu bem lá no cantinho um papel todo dobradinho. Agora já bem amarelado pelo tempo, e pensou que talvez, nem conseguisse ler o que estava escrito lá, e talvez, tivesse sido besteira ter deixado pra ler quando fosse adulta, afinal, bastava encontrar um adulto que lesse pra ela ainda criança e mesmo que não entendesse nada, ainda assim ficaria tudo registrado em seu coração. Mas agora era tarde para especular sobre o que passou. Com o coração acelerado começou a desdobrar aquele papel. A ansiedade começava a tomar conta de si, o anseio de saber o que aquele homem lhe escrevera a tanto tempo atrás.
Enfim, desdobrara todo o papel, e era inacreditável que tudo estava no mais perfeito estado de conservação. Estava tudo ali, ele lhe deixara o que parecia um poema escrito numa letra muito bonita, principalmente porque era de um homem.

Eis o mistério revelado, que esperara tanto tempo para cumprir seu papel. E assim estava escrito:

 Minha querida,
Minha tão doce e bela jovenzinha
Que há tanto tempo não via
Que saudades de ti
Desses seus olhos brilhantes
De coração pueril

 Quanta emoção em ler estas primeiras linhas! E ele falava com tanta propriedade que tudo me cabia acreditar.

 Meu coração exulta em rever-te
Sê abençoada
Porque aos meus dias deste sentido
Desde os tempos de outrora
Perdoai-me que em tua
Veste infantil
Não pude reconhecer-te imediatamente

 Ele tinha razão! Meu coração estava certo quando me revelara sobre essa misteriosa presença em minha vida ainda infante.

 Mas olhando no fundo de teus olhos
Pude reconhecer tua alma,
E na tua alma
Vi o amor
Que misteriosamente
Tem sua razão em mim
Ah, como sou grato
Pelo destino ter
Me levado a rever-te
Ah, minha pequena

 Era isso! Ali naquelas palavras estava o sentimento de meu coração, ainda infante, naquele dia. Agora compreendia a felicidade que sentia por rever aquele querido desconhecido.

 Obrigada minha querida
Por presentear-me com
Tua calorosa presença
Em forma ainda tão jovem!
Meu amor
Meu anjo amigo
Minha flor
Que vieste do paraíso
Mais uma vez me visitar!

 E um pouco antes de terminar tão agradabilíssima leitura, já pensava eu em como faria para encontrá-lo novamente, já que tantos anos se passaram e nunca mais sequer o vira novamente.

Foi quando cruzou os olhos na última linha daquele veredicto. Ali estava o que jamais pensara encontrar: o nome, o telefone e o endereço daquele jovem rapaz, mas que hoje de certo já era pra lá de homem feito. Vozes começaram a lhe soprar coisas ao ouvido. Estaria ele casado com alguma mulher, ou teria lhe esperado? Muito provável, diziam as vozes, que ele já a tivesse esquecido, e que afinal de contas, ela era apenas uma garotinha quando ele a viu.

E outra dúvida surgiu em sua mente, teria ele escrito em sua mais sã consciência, ou teria viajado nas profundezas de sua imaginação, apenas para agradar aquela menina a sua frente? Ele bem que poderia estar brincando de príncipe encantado com ela, afinal, o que poderia ele dizer à ela, uma menina que mal conhecia, talvez, fosse tudo uma brincadeira de sua parte.

 Era assim... Quando a gente descobria um mistério, misteriosamente nos encontrávamos a beira de outros... Seríamos loucos em acreditar em contos de fadas? Mas no instante seguinte eis que uma força por vezes maior que o medo, que a dúvida e a angústia, brotava de nosso coração, que a muito custo, ficava a gritar aos ouvidos, que tudo era verdade, que o amor enfim, existia além de qualquer racionalidade humana. Eis o íntimo de gente grande... são vozes daqui e de acolá... e pra quem daremos ouvidos é o que fará toda a diferença na vida.

Mas já havia se decidido, ela iria a sua procura. Não importava mais as circunstâncias disso ou daquilo outro. Agora seu coração lhe falava e já era perfeitamente capaz de entendê-lo. As regras e as contrarregras que ficassem pra lá, porque quem tinha coração tinha também uma bússola que lhe servia para guiar pelos caminhos da vida e o qual também nunca o deixaria se perder na imensidão do mundo, do vasto mundo de Raimundo.

 O coração era o guia, e amor o sinal.

E apenas isto devia o homem seguir na vida. Porque na vida já não era possível existir sem amar. E sem amar já não era possível respirar. Ainda que mesmo assim os homens o fizessem, ainda assim não teriam sido mais que mortos vivos, porque vivo é não,

Aquele que não sabe amar!
Aquele que não quer amar!
Aquele que não escolhe amar!

Pois já não era possível haver sentido nesta vida, sem o verdadeiro sentido que faz o verbo de amar...

 
Cenas do próximo capítulo:

 Joana encontrará o dono daquela misteriosa carta? Teria realmente tudo sido mero engano, mera brincadeira para agradar aquela doce menina? Estaria seu destino nas mãos daquele homem?

domingo, 14 de outubro de 2012

Olhar profundo


Queria poder abrir os olhos e contemplar as estrelas
E me perder na imensidão do infinito
Para quem sabe mergulhar no coração do universo

E ver e sentir onde todas as coisas foram criadas
Assim como eu e você

Assim como todos os seres viventes que habitam

Na imensidão do cosmos
Ver a luz do sol além das estrelas

Pulsar em sua forma mais radiante, intensa e glamorosa
Levando a vida aos quatro cantos do infinito
Vida esta que nos permite respirar,

Que nos permite irradiar
Amor, bondade, compaixão, fraternidade, perdão

Seja na Terra, ou nos confins de mundos afins
Porque aqui estamos apenas de passagem

Aqui, apenas podemos vislumbrar
A real magia que se dá por nome de vida

Mas estando aqui ou estando lá
Somos eternos, únicos, criados e amados

Por um mesmo princípio divino criador
A matéria somente se sustenta

Na divina energia que emana dela
Sem energia ela nada seria

E nós jamais nos consubstanciaríamos
Em homens, mulheres, e crianças e estrelas...

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Eu nos lábios teus 2


Queria perder-me em lábios teus
E num beijo profundo entregar minha alma
Para regozijo eterno do meu coração
Sentir-me em teus lábios macios
Que prazer maior haveria?
Afinal de que me valem os dias
Se em nenhum deles tocar-te poderia?
Mas ainda assim
Jamais me apartaria
Do sonho, do desejo intenso
De perder-me em lábios teus
E de seus lábios
Se perderem nos meus.

Eu nos lábios teus


Eis me em versos e prosa
Para narrar tão doce ventura
Que seria estar em lábios teus
Que do teu sussurro
Apenas um murmúrio
Ouvi dos lábios teus
Que me dizia
Tão formidável
Aquele prazer
Sede comigo
Tão generoso
Ofertando-me teu ser,
Teu bem querer
Teu amor
Porque dessa vida
Nada mais ei de querer
Que perder-me
Na delícia dos lábios teus.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Repousa eterna


E assim repousa ela
Eterna
Bela doce donzela
Em tão alva pele de cetim

Repousava e
Resguardava
O que de tão belo
Ainda guardava

Pela eternidade
Seria poupada
Dos amores
E das suas dores

E quando então
Pudesse amar

Que um príncipe
Viesse de uma vez

Com terno beijo
Lhe despertar.






quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Dança fúnebre

Lá estava eu, envolta pela penumbra do ambiente
Olhar dormente, tal dor já não se sente
Eis me ali, deitada, imóvel, inerte
Mãos ao peito, eis-me em repouso estreito
O show ia começar
Dançaria ali no leito da própria sorte ou morte?
Fria, profunda, segura, inteira, sombria
Nada mais lhe cabia, nem amor, nem dor, nem horror
Faria o que de sorte lhe restava: dançar a própria morte!
Foi assim, que desceu o véu, daquela nova realidade
Em tons de cinza, circundava-me de muitos deles
Dançava, entre susurros e gemidos, a dor que de si exalava
Era bela a canção profunda que jazia na tumba, de uma então moribunda
Vida e morte, dois opostos, dois entresortes
Gestos suaves, suaves vestes
Mas ali tudo era vertiginosamente o oposto
Doce ninfa, voraz valquíria
De quem algum dia lhe falou, lhe amou, lhe desejou
E agora no intuito de seu fim, o imortal silêncio que se derramou
Eis mais um espetáculo
Em mais uma breve apresentação chamada vida ou morte?
Vida e morte, morte e vida. Começo ou restart. Fim ou de end...
Eis que a fumaça se esvai com o vento
Que o fogo se afoga na água
Que o frio percorre a espinha
E que o amor padece na alma
Amor amar, amar amor

"Se amar é a morte, eis que a morte é amar"

terça-feira, 26 de junho de 2012

“Vestida de luz”

E assim caminhava pra ele.
Nua completamente despida,
Não apenas de verbos materiais,
Mas de toda e qualquer coisa
Que estivesse fora de seu espírito.

Era livre, era amor, era luz.
Tal era a visão que ele tinha dela.
Sobre a copa das árvores
Deslizava rumo ao horizonte,
Ao encontro de seu doce amado
Testemunhas? Apenas a relva,
O luar, e os pássaros perdidos,
A caminho de casa.

Foi, então, que ao longe
Ela avistou uma pequena luz,
Aos poucos tão esplendorosa ficou
Que já não se podia olhar mais pra ela.
Tão forte intensa e profunda
Consumia sua alma,
Seu coração, seu ser.

E tal qual surgem os sóis,
Os planetas e as estrelas,
Assim surgiu naquele
Instante o amor.
Tal foi a sua intensidade
Que aquela explosão,
Foi avistada até
Os confins do universo.

Eis o nascimento da nossa estrela,
Que agora era uma só.
Não havia mais eu e você,
Havia apenas nós.
Um não fazia sentido
Sem o outro, éramos um,
Pra sempre.

Juntos até os mares do sem fim,
Para onde, talvez, houvesse um lugar
Só nosso, a espera de nossa chegada.
Lugar este,
Lindo, belo e encantado,
Que cabia na medida exata
Do nosso amor.

Enfim,
Um lugar especial...
Enfim,
De volta pra casa
Enfim,
De volta ao nosso lar-doce-lar.

Amor selvagem


(Publicado no concurso de poesia no ano de 2000)

Lanço-me em teus braços,
Sou a semente que em ti brota e desabrocha,
Nesse teu ser, voluptoso, magnânimo supremo...
Em teu ninar jaz uma criança a sonhar.
Das profundezas de mil anos em batalhas fecundadas
No seio desse mundo virgem,
Nada mais há do que um simples sonhar.
E com esse brilho jovial e fulgás acalenta meu ser.
Essa força mesuradamente condicional ao instinto
Que mastigamos com dentes caninos e ferozes,
Capazes de deteriorar e maquivelar
As labutas intempestivas.
E no meio dessas maquivelanças
Ainda uma rés de consciência,
Que no calor do sonho que sonho em teus braços,
Ainda assim sou acalentada por seu vivo amor,
Que me aquece a alma e juntos,
Assistimos o filme que faz do nosso amor,
A nossa vida! .

"Luz da noite"

30 de março de 1996

Ao vão da noite
És minha companheira
Minha eterna e admirável companheira
Luz das minhas noites sombrias
Sol das minhas noites de frio
É ti, minha idolatrada
E amada lua
Que me faz sentir rei dos reis
Príncipe dos príncipes
Ao toque de seus admiráveis raios
Sinto teu calor
Em minhas (ondas)
Águas frias
Por séculos vou te esperar
Ao vão não ficarás
Ficarás em meu coração
Guardada nas profundezas
De meus sentimentos.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

"Corações costurados"

"Que coração é este meu Deus,
tão rasgado transpassado de dor?
O que deveras ter feito
na imensidão de outrora,
para pagar-lhe com a vida nesta vida?
que já tão descabida de amor
queima de pavor por arder
em tão escaldante cálice de amor?
Onde havera de existir
o tão sonhado oásis do elixir?
Eis a incessante jornada
da alma e do amor,
que a tantos mundos percorre
sem que sequer há alguém
que a socorre
Ó tão duro existir,
não é fácil sorrir
enquanto a alma chora
Remédio não há,
há apenas corações rasgados,
mas que com jeitinho
podem ser costurados
Para enfim voltar a bater,
por enquanto,
no peito dos enamorados.

"Pranto e luar"

Levanta a lua na abóbada celeste
Calam-se os gemidos de pranto e de dor
Pois a sua luz a todos conduz
que como um bálsamo
toca nossa nave de luz
Ó céus
que permitis tão bem-aventurança
Ó raios
que nos toca o íntimo
Que pra si distância não há,
pois a todos revela seu esplendor
Figura imponente
de beleza e de luz
Não havera de ter
alguém ao luar que não
admire tão doce beleza
de céu e de mar
Balance ao vento
as madeixas da moça
Levando o aroma
de brisa do mar,
ou de luar?
Que deite os olhos
Ó homem do ar,
que venha ligeiro
depressa me amar"

Joiss Cannis - 01 de junho de 2012