quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Repousa eterna


E assim repousa ela
Eterna
Bela doce donzela
Em tão alva pele de cetim

Repousava e
Resguardava
O que de tão belo
Ainda guardava

Pela eternidade
Seria poupada
Dos amores
E das suas dores

E quando então
Pudesse amar

Que um príncipe
Viesse de uma vez

Com terno beijo
Lhe despertar.






quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Dança fúnebre

Lá estava eu, envolta pela penumbra do ambiente
Olhar dormente, tal dor já não se sente
Eis me ali, deitada, imóvel, inerte
Mãos ao peito, eis-me em repouso estreito
O show ia começar
Dançaria ali no leito da própria sorte ou morte?
Fria, profunda, segura, inteira, sombria
Nada mais lhe cabia, nem amor, nem dor, nem horror
Faria o que de sorte lhe restava: dançar a própria morte!
Foi assim, que desceu o véu, daquela nova realidade
Em tons de cinza, circundava-me de muitos deles
Dançava, entre susurros e gemidos, a dor que de si exalava
Era bela a canção profunda que jazia na tumba, de uma então moribunda
Vida e morte, dois opostos, dois entresortes
Gestos suaves, suaves vestes
Mas ali tudo era vertiginosamente o oposto
Doce ninfa, voraz valquíria
De quem algum dia lhe falou, lhe amou, lhe desejou
E agora no intuito de seu fim, o imortal silêncio que se derramou
Eis mais um espetáculo
Em mais uma breve apresentação chamada vida ou morte?
Vida e morte, morte e vida. Começo ou restart. Fim ou de end...
Eis que a fumaça se esvai com o vento
Que o fogo se afoga na água
Que o frio percorre a espinha
E que o amor padece na alma
Amor amar, amar amor

"Se amar é a morte, eis que a morte é amar"