Lá estava eu, envolta pela penumbra do ambiente
Olhar dormente, tal dor já não se sente
Eis me ali, deitada, imóvel, inerte
Mãos ao peito, eis-me em repouso estreito
O show ia começar
Dançaria ali no leito da própria sorte ou morte?
Fria, profunda, segura, inteira, sombria
Nada mais lhe cabia, nem amor, nem dor, nem horror
Faria o que de sorte lhe restava: dançar a própria morte!
Foi assim, que desceu o véu, daquela nova realidade
Em tons de cinza, circundava-me de muitos deles
Dançava, entre susurros e gemidos, a dor que de si exalava
Era bela a canção profunda que jazia na tumba, de uma então moribunda
Vida e morte, dois opostos, dois entresortes
Gestos suaves, suaves vestes
Mas ali tudo era vertiginosamente o oposto
Doce ninfa, voraz valquíria
De quem algum dia lhe falou, lhe amou, lhe desejou
E agora no intuito de seu fim, o imortal silêncio que se derramou
Eis mais um espetáculo
Em mais uma breve apresentação chamada vida ou morte?
Vida e morte, morte e vida. Começo ou restart. Fim ou de end...
Eis que a fumaça se esvai com o vento
Que o fogo se afoga na água
Que o frio percorre a espinha
E que o amor padece na alma
Amor amar, amar amor
"Se amar é a morte, eis que a morte é amar"