quinta-feira, 10 de maio de 2018

Anjo

Tem gente que é feito
Anjo na vida da gente
Que faz a gente sorrir
Pelo simples fato de existir

Tem gente que é feito
Anjo na vida da gente
Que faz a gente dançar
Com a canção de seu coração

Tem gente que é feito
Anjo na vida da gente
Que ensina a gente a sonhar
Que ensina a gente a amar

Tem gente que é feito
Anjo na vida da gente
Que faz a gente voar...
Que faz a gente se inspirar...

A escrever... escrever... e escrever...

A vida de um homem

A vida de um homem
É luta constante
E não obstante
Não foge ele à sua dor

A vida de um homem
Não é uma luta inglória
Pois a dor e o tremor
Faz dele um vencedor

A vida de um homem
É luta constante...
E não obstante...

Através do amor
Torna-o um vencedor

terça-feira, 8 de maio de 2018

Angela Morgan - When nature a man

Quando a Natureza quer fazer um Homem


Quando a Natureza quer provar um Homem,
E experimentá-lo.
Quando a Natureza quer formar um Homem
para desempenhar o papel mais nobre;
Quando se empenha de todo o seu coração
Para criar um Homem tão grande e tão digno
Que todo o mundo dele se orgulhe...
Observemos os seus métodos e os seus meios;
Com que impiedade aperfeiçoa
Aquele que elegeu.
Como o ataca e como o fere,
E com que golpes violentos
Leva-o a moldes que apenas Ela entende.
Enquanto ele clama na sua tortura e ergue as mãos suplicantes!
Como a Natureza curva, mas sem destruir,
Como procura o seu bem
Como trabalha aquele que elege!
Modela-o por todos os fins;
Por todas as artes o induz
A mostrar o seu esplendor.
A Natureza sabe o que faz!

Quando a Natureza quer fazer um Homem,
Despertar um Homem,
Para cumprir a vontade do futuro,
Quando procura com toda a sua arte,
E se esforça com toda a sua alma,
Para cria-lo grande e completo...
Com que astúcia o prepara,
Como o atormenta e jamais o poupa,
Como o exaspera e o aflige,
Como o faz nascer na pobreza...
Quantas vezes desaponta
Aquele que sagrou
Com a prudência o oculta,
Como o torna obscuro,
Conquanto o seu gênio soluce de humilhado, e seu orgulho jamais esqueça!
Mando-o lutar mais arduamente ainda.
Isola-o,
De modo que lhe cheguem apenas
As altas mensagens de Deus.
De modo a poder ensinar-lhe
O que a Hierarquia planejou.
Conquanto ele não compreenda,
Dá-lhe paixões a dominar;
Com que impiedade o esporeia,
Com que tremendo ardor o instiga
Quando o elege cruelmente!

Quando a Natureza quer dar nome a um Homem,
Dar-lhe fama,
E domá-lo;
Quando a Natureza deseja dar-lhe brio,
Para fazer o melhor que pode...
Quando realiza a mais elevada prova,
Quando deseja um deus ou um rei,
Como o domina, como o restringe,
De modo que ele mal se contém
Quando ela o instiga e inspira!
Conserva-o desejando, sempre ardendo por um objetivo inatingível...
Castiga e lacera a sua alma.
Lança um desafio ao seu espírito,
Ergue-o quando ele se aproxima:
Faz uma selva para que ele a desbrave;
Faz um deserto para que ele o tema,
E o vença, se puder...
Assim faz a Natureza um Homem.
Então, para provar a sua paciência,
Atira uma montanha em seu caminho...
Põe-no num dilema
E olhando-o impiedosamente:
"Sobe ou morre!" diz-lhe ela...
Observemos o seu propósito, os seus meios!

A Natureza tem um plano maravilhoso,
Pudéssemos nós entende-la...
Loucos são os que a chamaram de cega!
Quando o eleito tem os pés feridos e sangrando,
O seu espírito paira nas alturas,
E com seu alto poder rapidamente
Abre novos caminhos magníficos;
Quando essa força divina
O desafia a cada fracasso e o seu ardor ainda é o mesmo
E o amor e a esperança ardem em presença da derrota...

Oh! A crise, o clamor!
Que apelam por um líder,
Quando um povo precisa ser salvo,
E então que ele surge como um guia,
E que o seu plano a Natureza mostra
E que o mundo encontra um HOMEM!

(Um dos poemas mais belos que já li! - Um poema pra edificar a alma...)

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Álvares de Azevedo II

Lembrança de morrer

“Quando em meu peito rebentar-se a fibra
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima Em pálpebra demente.E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro- Como as horas de um longo pesadelo  
Que se desfaz ao dobre de um sineiro.                        
(...)
Só levo uma saudade – é dessas sombras Que eu sentia velar nas noites minhas...
De ti, ó minha mãe, pobre coitada
Que por minha tristeza te definhas!                      
(...)
Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!                     
(...)
Beijarei a verdade santa e nua,Verei cristalizar-se o sonho amigo...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,Filha do céu, eu vou amar contigo!
Descansem o meu leito solitárioNa floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:-    Foi poeta – sonhou – e amou na vida.”

(Um dos poemas que mais gosto)

Álvares de Azevedo

"Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!" 

" Quando falo contigo, no meu peito
esquece-me esta dor que me consome:
Talvez corre o prazer nas fibras d'alma:
E eu ouso ainda murmurar teu nome!" (Lira dos Vinte Anos) 

"Pois bem, dir-vos-ei uma história. Mas quanto a essa, podeis tremer a gosto, podeis suar a frio da fronte grossas bagas de terror. Não é um conto, é uma lembrança do passado." (Noite na Taverna) 

"A mulher recuava... Recuava. O moço tomou-a nos braços, pregou os lábios nos dela... Ela deu um grito, e caiu-lhe das mãos. Era horrível de ver-se. O moço tomou o punhal, fechou os olhos, apertou-os no peito, e caiu sobre ela. Dois gemidos sufocaram-se no estrondo do baque de um corpo..." (Noite na Taverna) 

"Mais claro que o dia. Se chamas o amor a troca de duas temperaturas, o aperto de dois sexos, a convulsão de dois peitos que arquejam, o beijo de duas bocas que tremem, de duas vidas que se fundem tenho amado muito e sempre! Se chamas o amor o sentimento casto e poro que faz cismar o pensativo, que faz chorar o amante na relva onde passou a beleza, que adivinha o perfume dela na brisa, que pergunta às aves, à manhã, à noite, às harmonias da música, que melodia é mais doce que sua voz, e ao seu coração, que formosura há mais divina que a dela-eu nunca amei. Ainda não achei uma mulher assim. Entre um charuto e uma chávena de café lembro-me às vezes de alguma forma divina, morena, branca, loira, de cabelos castanhos ou negros. Tenho-as visto que fazem empalidecer-e meu peito parece sufocar meus lábios se gelam, minha mão se esfria..." (Macário) 

"Esse amor foi uma desgraça. Foi uma sina terrível. Ó meu pai! ó minha segunda mãe! Ó meus anjos! Meu céu! Minhas campinas! É tão triste morrer!" (Macário)

(Poesias que gosto muito)