sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O verbo de amar

O que mais difícil seria
Desapaixonar-se
Ou apaixonar-se
Seria?
Na verdade dever-se-ia
Manter-se tudo
Num silencioso grau de respeito
Para que ainda que haja
Laços estreitos
Estes jamais sejam desfeitos!
Pois que os destinos
Se cumpram com efeito
Ainda que o sujeito da frase
Seja tu e não eu
Ou que o sujeito da minha vida
Seja eu e não tu
Seja como for
Em verdade vos declaro
O silêncio de minha dor
Eis que tão duras
São as lições que provém do teu amor!
Mas não demora
O coração acalma
O desapaixonar-se é trabalho constante
E não obstante
Volta-me ao semblante
Como eterno diamante
Reluzindo ante os meus olhos
A luz, que fortemente
Segue me conduzindo
O que seria dos verbos,
Se não fossem as pessoas por detrás deles!
Apaixonar-se ou desapaixonar-se
Seria apenas uma ilusão
Do coração?
Ou seria loucura?
Talvez, até se possa
Encobrir a emoção com a razão,
Mas a razão nunca será páreo o suficiente
Para as coisas do coração
Pois amar está além do tempo
E de todo e qualquer verbo
Amar...
Está impresso na alma
E selado no coração
Para a paixão pode até haver um
Desapaixonar-se
Mas para o amor jamais haverá
Um desamar-te!

Pedras preciosas

Queria tornar
Ver eu nos olhos teus
Feito jade reluzindo,
Brilhante
Ou quem sabe
Feito diamante
Reluzindo em teu coração
Uma vez encontrado
Como esconder
O ouro lapidado?
Tão valiosas são as jóias
Que habitam alma e coração
Tão aventurados aqueles
Que não as deixam se perder em vão!
Os tesouros do homem
Pertecem a ele,
Mas e ele pertence a quem?
Porque certamente
Deveras pertencer a alguém
Ainda que nem sequer a tenha encontrado
Ainda que nem sequer a tenha desejado
E ainda que nem sequer a tenha amado de verdade!

Palavras ao vento

Ai que saudade
Das dores e dos amores
Que um dia senti
Pois agora, eis-me só
Trancafiada na prisão
Que se fez minha solidão

Eis-me grisalha
E assim como a crisálida
Já se apagou a minha cor
Já caíram as folhas do amor!

E o que me resta
Senão viver nesse torpor
De memórias
Quentes, vivas e desenfreadas

Salve a memória que não me falhe!
Viva a lucidez que em mim ainda vive!

Tributo a Memórias de uma Gueixa

Olhar complacente
Em estado latente
Descontente
Lá estava
Perdida em devaneios
Lançada a própria sorte
Como a contornar a própria morte

De um olhar cativo
De um jovem galante
Sentira no peito
Bater a esperança
E dali por diante
Já não mais haveria
A criança que fora até aquele dia!

Suntuosa, majestosa
Eis a mulher que a frente de todos
Surgia formosa
Eis a mulher que na sua dor
Soube eternamente
Acalentar o seu amor!

Mas não sabia
Que misteriosamente
No peito daquele jovem galante
O amor também reluzia!
Ei-lo
Firme, inquebrantável, incorruptível, fiel e apaixonado
Eis os sentimentos que no peito dos dois batia!

Mais dia, menos dia
Já não mais seria possível
Esconder o amor
Que no peito de ambos existia!

Eis os mistérios da vida
Eis os mistérios do amor
Eis o momento mágico
Que me revelastes teu amor!

Momento sublime
De luz e de cor
Eis-me nos braços
De meu tão grande amor!


"Homenagem ao filme que sempre tocou e sempre tocará profundamente meu coração"



sábado, 2 de fevereiro de 2013

Feliz mundo surtado

E quem é que nunca surtou
Por não ter um amor correspondido?
E quem é que nunca surtou
Por uma saudade arrebatadora no peito?
E quem é que nunca surtou
Diante de alguma escolha que teve de fazer na vida?
E quem é que nunca surtou
Por quem um dia o abandonou?

É assim o mundo dos surtados
A todo momento, a todo minuto
Existe alguém por aí
Surtado!

Quem sabe por ter sido abandonado
Quem sabe por ter sido enganado
Quem sabe por ter sido iludido
Quem sabe por ter sido incompreendido
Quem sabe por ter sido amado
Ou quem sabe por ter simplesmente amado!

Talvez, fosse melhor
Passar a vida feito a um vegetal, ou não
Mas até isto já fomos um dia
E por enquanto Ser Humano,
Ainda que surtado,
Seja o que nos baste por agora

Que para cada surtado nesse mundo
Baste a saudade do dia de hoje
Baste a ilusão do dia de hoje
Baste o amor vivido intensamente no dia de hoje,
Ainda que seja somente seu!

Enfim, que baste o seu dia
Para todas as coisas
Que lhe cabem na alma
Até que se findam
Os seus, os meus, os nossos passos
Neste mundo!

Pequena estrela guia

Estrela, estrela minha
Minha pequena
Minha brilhante
Sempre estrela guia!

Que estais a me observar
Desde a aurora dos tempos
Na guerra e no amor
Na luta e na dor

E continuais eterna
Pulsante, brilhante
Como a nos lembrar
A nossa eterna caminhada errante!

E de hoje até os confins
Do amanhã
Estarás sempre lá
Além das alturas
A espreitar as travessuras
Tal qual as aventuras
Que porventura
Os homens venham cantar

Eis nossas fiéis companheiras
Cúmplices de nossos feitos e desfeitos
Testemunhas eternas
Das dores e dos amores
Que um dia vivemos
Que um dia partiram
E que um dia reencontraremos!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Fragmentos de tempo

Tantas são as vertentes
Que me cabem na alma
Ainda posso sentir
O gosto, o tato, o cheiro
Daqueles momentos,
Fragmentos
Colhidos no tempo

Tão vastos os meus existires
Tão saudosos os meus sentires
Mas o que há de se fazer
Se o tempo jaz
E as vidas findam

Para que tão somente
Em memórias revivam!
E vivem, eternamente...

No encanto,
Nos recantos
De todo o meu ser.


Nota: Este poema faz menção as sensações que tenho, como uma espécie de lembrança, de outros momentos no tempo vividos através de outras vidas.

A primavera do amor

Que saudades daqueles tempos ditosos
Do ar seco e da brisa morna a luz do meio dia
E de você e eu
Ali a sombra da figueira
Deitados no colo um do outro
Ouvindo o murmúrio dos pássaros ao longe
E o riacho que corria mais a frente

Eis-nos ali
Sentados a verde relva
Contando coisas e cousas
Ao pé do ouvido
Daquela imponente
E majestosa árvore

Quão bela tarde
Vivemos naquela primavera
Naquele alvorecer
De nossos instintos
Mais primitivos de amor!

Quão deliciosos foram aqueles dias
Tão saborosos cheios de vida
E que importava o futuro da nação
O que importava o fim da abolição
Não que tudo não fosse
Absolutamente importante, sim era!

Mas quando se jaz
No colo de sua amada eterna
Tudo o que se espera
É que o ar entre em seus pulmões

Para que mais um dia possa viver
Para sempre contente lhe ouvir dizer
O amor que tens ao meu viver!